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Na série evocação são selecionados gestos da infância, comuns a várias civilizações, tempos e classes. Portanto, gestos facilmente reconhecidos e que se repetem, mas não deixam marcas. Porém, colocando a pintura a disposição desses gestos, as marcas são criadas. São rastros de uma memória que expandem pela tela. São também registros provocados. Haverá assim evocação?

 

Em tempos de cliques compulsivos perdemos, no mínimo, a capacidade de absorver. O excesso nos ludibria. Fotografamos para não esquecer o que nunca apreendemos e acabamos por nos perder em um acervo sem fim. Haverá assim evocação?

É prudente desconfiar da memória e mais ainda dos registros, das mãos que os fazem e dos critérios que os selecionam.  Na lembrança, fomos o que escolhemos ser.  Mas haverá assim evocação?

Paradoxalmente, enquanto tentamos um acervo perfeito em uma tentativa frustrada de registrar uma vivencia continua, destreinamos o nosso olhar pela pressa e ainda apagamos compulsivamente os registros das marcas dos copos, dos corpos, das mesas, do chão, das paredes... Apagamos ou deixamos apagar as ações do tempo, ora demorado e ora expresso. Vivemos na oscilação entre apagar e registrar. Escolhendo, somos senhores de nossa lembrança construída. Mas haverá assim evocação?

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